A ORIGEM DO SERVIÇO SOCIAL NO MUNDO E NO
BRASIL
Sandra Nascimento dos Santos1
Silvia Batista Teles2
Clara Angélica de Almeida Santos Bezerra3
Serviço Social
ciências humanas e sociais
ISSN IMPRESSO 1980-1785
ISSN ELETRÔNICO 2316-3143
RESUMO
O Artigo pretende mostrar os aspetos fundantes da Profi ssão de Serviço Social e o seu apo-
geu. Descrevendo fatos históricos como o surgimento das primeiras Escolas no Brasil e no
mundo, assim como a crise da bolsa de valores de Nova York, e o movimento de 1930, que
também afeta o Brasil. O Serviço Social surge como uma resposta dos grupos dominantes,
em especial a Igreja Católica, à latente questão social. Parte-se da gênese de que essa
concepção inspira uma ideologia de preceitos que leva a conhecer os direitos humanos. A
infl uência da mais-valia dentro de uma sociedade dialética. Será mostrado, ainda, que uma
das principais bases do modo de produção capitalista é a exploração do homem em rela-
ção a sua força de trabalho, o que revela, desde o início, a luta de classes, e as reivindicações
do operariado por melhores condições de vida.
PALAVRAS-CHAVE
Exploração. Proletariado. Serviço Social. Controle. Reivindicações.
Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e Sociais | Aracaju | v. 1 | n.17 | p. 151-156 | out. 2013
Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e Sociais | Aracaju | v. 1 | n.17 | p. 151-156 | out. 2013
152 | ABSTRACT
The article aims to show the foundational aspects of the profession of social work and its
height. Describing historical events such as the emergence of the fi rst schools in Brazil and
the world, as well as the crisis of stock exchange in New York, and the 1930 movement,
which also a! ects Brazil. Social work emerges as a response of the dominant groups, espe-
cially the Catholic Church, the latent social issue. We start from the genesis of this design
inspires an ideology of precepts which leads to meet human rights. The infl uence of added
value within a society dialectic. We show that one of the main bases of the capitalist mode
of production is the exploitation of man in relation to its workforce. What tells us from the
beginning the class struggle and the demands of the workers for better conditions of life.
KEYWORDS
Exploration. Proletariat. Social Work. Control. Claims.
1 INTRODUÇÃO
O Presente artigo tem, no seu contexto geral, o surgimento da profi ssão do serviço
social no mundo e no Brasil. Mostrando como o Serviço Social se faz necessário, devido ao
agravamento da questão social; está diretamente ligada ao acumulo do capital, aparte da
exploração da força de trabalho tratar-se-á das reivindicações dos trabalhadores, e a neces-
sidade da intervenção do Estado para manter a paz social, necessária ao desenvolvimento
do capital. Serão abordadas Instituições que servirão de base para as primeiras Escolas de
Serviço Social, discutindo, por fi m, o Capitalismo na Contemporaneidade, e seu processo
de acumulação. A pesquisa será desenvolvida através de coleta de dados por meio de pes-
quisas bibliográfi cas.
2 ORIGEM DA QUESTÃO SOCIAL
Indubitavelmente o aparecimento da questão social está ligado à mudança do traba-
lho escravo para o trabalho livre. Tratando-se agora de uma sociedade capitalista, com um
mercado regido por relações dominadas pelo controle do capital; tem-se como persona-
gens principais o capitalista que exerce o domínio nesta relação social de produção, por ser
o dono dos meios de produção, e o proletariado, proprietário da sua força de trabalho, que
tornada agora mercadoria precisa ser vendida ao capitalista, para que o proletário possa
garantir a sua sobrevivência.
Devido à extrema exploração existente nesta relação, o proletariado passa a incomo-
dar o sossego do capitalista, na sua luta por melhores condições de vida, sendo necessária
a intervenção do Estado para mediar esta situação, por meio da imposição de dispositivos
legais, para regular a relação capital-trabalho. À medida que o capitalismo se aprofunda, fica
mais latente, gritante, a questão social, a terrível condição de vida da classe trabalhadora, o
que exige um posicionamento das classes dominantes, como a igreja Católica e o Estado.
A esta altura a visão da sociedade passa a se modifi car, no aspecto do entendimento
da relação de exploração existente entre o capital e o trabalho. O Estado agora precisa dar
atenção à classe trabalhadora, no desenvolvimento da sua política.
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O Serviço Social surge como uma resposta dos grupos dominantes, em especial a | 153
Igreja Católica, à latente questão social. Mas, diferentemente das Leis Sociais que surgem
em função do proletariado, o Serviço Social deve servir à classe dominante, no seu trato
com a questão social, até como uma forma de manter o controle, a ordem, ameaçada pela
questão social.
Datas importantes para o Brasil, que ocasionarão mudanças em toda a sociedade
brasileira, serão a data de 1929, ano da crise do comércio internacional. A crise da bolsa
de valores de Nova York, também afeta o Brasil, assim como o movimento de 1930. Esses
acontecimentos geram mudança na estrutura política e econômica. O Brasil nesta época,
principal exportador de café, e um dos principais exportadores de açúcar, passa a investir
em sua industrialização interna, com o objetivo de substituir as importações.
Passa, assim, a ser alterado o meio da acumulação do Capital, transferido da agra-ex-
portação, para a área da indústria. Eram degradantes as condições de vida e de trabalho
da classe operária. Moravam em péssimas condições, em ambientes propícios a doenças.
Faltavam muitos itens necessários à sobrevivência. Os salários eram muito baixos por causa
até da grande quantidade de pessoas desempregadas, a procura de uma oportunidade de
emprego, o grande exército industrial de reserva.
O salário era insufi ciente para possibilitar a digna sobrevivência do trabalhador e da
sua família, embora grande parte dos componentes da família trabalhasse, incluindo mu-
lheres e crianças muito novas, e se esforçassem e se desgastassem em extremo no trabalho,
ainda assim o salário era insufi ciente para o atendimento das suas necessidades básicas.
Contavam, também, com péssimas condições no local de trabalho, ambientes sem
segurança e higiene. Altas jornadas de trabalho, inclusive de forma igual, para mulheres e
crianças, sem direitos como, por exemplo, a fi nal de semana remunerado. Tal era a situação
de exploração da classe operária, e esta precisava submeter-se a isso, ou viverá na miséria
absoluta.
Consequentemente, com salário extremamente pequeno será impossível que o tra-
balhador tenha condições para investir em educação ou em cultura. Isso fi cará a cargo da
caridade e da fi lantropia. Em meio a tudo isso surge a necessidade da classe trabalhadora
unir-se, organizar-se em prol de melhores condições de vida. Surgem por exemplo, me-
diante esta necessidade, as Ligas Operárias que vão dar origem aos Sindicatos e as Socie-
dades de Resistência. E até organizações mais avançadas como Congressos Operários e
Confederações Operárias, contando inclusive com uma imprensa operária.
No entanto, essas entidades só terão o reconhecimento da classe operária, sendo
muitas vezes combatidas, reprimidas, e seus líderes perseguidos e presos. Os operários
se mobilizam, também, em greves e manifestações em prol de melhores condições. Aos
poucos, a classe trabalhadora vai alcançando algumas conquistas. O Conselho Nacional do
Trabalho é criado em 1925, e em 1926 são aprovadas leis de proteção ao trabalho, como por
exemplo, a lei de férias, código de menores, seguro-doença etc.
Entretanto na primeira República é pequeno o resultado do número de conquistas
conseguidas pelo movimento operário, por meio das suas reivindicações. Na primeira Re-
pública a resposta do Estado às manifestações e as lutas da classe operária, eram a re-
pressão e a violência, isso para que o capital tenha a paz social propícia, necessária a sua
reprodução. Segundo Marilda Villela Iamamoto (2011, [n.p.]),
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154 | A boa sociedade da época, cujo elemento nativo principal se
compõe dos setores burgueses ligados a agra-exportação e de seus
prolongamentos nos setores médios mais abastados, essencialmente
desconhecerá a existência da questão operária. Seu posicionamento
natural variará entre a hostilidade e o apoio explícito à repressão policial
e ações caridosas e assistencialistas, especialmente após o sufoca
mento dos movimentos reinvidicatórios e nas crises econômicas que
lançam grandes massas em situação de extremo pauperismo.
A burguesia, que tem o crescimento do seu lucro na exploração da força de trabalho,
vai procurar impedir qualquer inovação que possa constituir-se como entrave, a sua pos-
sibilidade de explorar o máximo possível o trabalho excedente.
A classe burguesa só irá reconhecer a legitimidade dos Sindicatos, no período ditato-
rial de Getúlio Vargas, e estará em constantes atritos com estes. Uma das questões interes-
santes levantadas pelos capitalistas e responsáveis pela implantação do Serviço Social, diz
respeito às conquistas sociais adquiridas pelos trabalhadores, com respeito à diminuição da
sua jornada de trabalho, como as leis de férias por exemplo.
Os capitalistas argumentam que é necessário disciplinar o tempo livre do proletari-
ado, pois como este não teve acesso à educação, nas horas de folga, estará sujeito aos
vícios e coisas erradas. Outra questão com respeito ao empresariado, que vai infl uenciar
no surgimento do Serviço Social, é a prática das políticas assistencialistas utilizadas pelos
empresários na empresa. Ainda segundo Marilda Villela Iamamoto (2011, [n.p.]): “Apesar
de sempre aparecerem sob uma aura paternalista e benemerente, constituem-se numa
atividade extremamente racionalizada, que busca aliar controle social ao incremento da
produtividade e aumentar a taxa de exploração”.
Em 1869 é fundada a sociedade de organização da caridade em Londres, marco para
a organização da Assistência Social. Além de levantar a questão da necessidade de haver
instituições que forme profi ssionais para atuar na área da assistência Social.
A primeira escola de Serviço Social do mundo surge em Amstardã, em 1899. Para
resolver a questão do disciplinamento do tempo do operário, as Ligas das Senhoras Ca-
tólicas em São Paulo, e a Associação das Senhoras Brasileiras no Rio de Janeiro, vão fi car
responsáveis pela educação dos trabalhadores. Em 1936, surge em São Paulo, a primeira
Escola do Serviço Social do Brasil. A economia existe em todas as formas de organização
dentro da sociedade. Um movimento que não tiver sido planejado dentro de um patrão
econômico não avança e consequentemente não produz. Os meios de produção são os
elementos pelo qual a sociedade evolui, ou seja, investindo, retransformando, as matérias
da velha produção a produção nova. Os meios de produção precisam ser substituídos, se
faz necessário dentro do sistema capitalista, que produza mais para obter lucros. De acordo
com Max (1984, p. 153):
Uma sociedade não pode parar de consumir, tampouco deixar de
produzir. Considerado em sua permanente conexão e constante fl uxo
de sua renovação, todo processo social de produção é, portanto, ao
mesmo tempo, processo de reprodução.
Essa acumulação do capital é necessária para obter mais lucros. A aplicação da mais-
valia se transforma em capital constante. Entende-se que o sistema capitalista visa à pro-
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dução da mais-valia. À proporção que a reprodução é ampliada, torna-se cada vez maior | 155
a acumulação de capital. O estimulante dessa acumulação têm sido as tecnologias inova-
doras, por meio das medidas de redução dos custos. Por isso essa acumulação tem sido
o motivo de avanços dentro desse processo dialético. Então tudo isso esclarece as forças
produtivas. Além disso,
[...] [o] capital jamais permanece estacionado. Avança, ampliando
seu poder, tornando-se mais rico, substituindo equipamentos e
instalações antigos por outros novos, adquirindo novas empresas
e novos mercados, ou do contrário será absorvido ou esmagado
pelos rivais que tiveram melhor sorte nessa impiedosa e incessante
concorrência entre os capitalistas.Os pequenos capitalista são,
dessa forma, constantemente derrotados e afastados dos negócios
e a infl uência e riqueza [...] dos grandes capitalistas aumentam ás
suas expensas.Os pequenos capitalistas não são,porém, totalmente
eliminados. Seu número pode, periodicamente, aumentar, quando
novos capitalistas iniciam seus negócios, mas a parcela da produção
nas mãos tende a decrescer e seu peso a infl uência nas questões
econômicas se tornam cada vez menores. Estão, cada vez mais, à
mercê dos grandes capitalistas(EATON, 1965, p. 109-110).
Quando o poder está centralizado na mão de um empresário que só visa o lucro, ele
consequentemente, utilizando-se da existência do exército industrial de reservas, ou seja,
uma gama de contingente de trabalhadores desempregados manterá os salários baixos,
mantendo o índice de exploração.
Para que os patrões fi quem cada vez mais ricos é necessário explorar a força de tra-
balho dos seus funcionários, essa massa massacrada pressionada e sem muita opção. O
sistema propicia meios de forçar o emprego à jornada de trabalho excessiva. O proletariado
não é só afetado no desemprego, mas também em relação à moradia, saneamento, saúde,
lazer etc. A pobreza é consequência do capitalismo absoluto, decorrente da exploração.
3 CONCLUSÃO
A partir da análise realizada, conclui-se que o surgimento do Serviço Social está di-
retamente relacionado ao modo Capitalista de Produção. Modo sustentado na exploração,
na desigualdade, e que deixa de forma patente e gritante a Questão Social. O Serviço Social
surge como uma ferramenta da classe burguesa, para controle do proletariado que já se
mobiliza em prol de melhores condições de existência.
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156 | REFERÊNCIAS
ESTEVÃO, Ana Maria Ramos. O que é serviço social. 6. ed. São Paulo: Brasiliense,1992.
IAMAMOTO, Marilda Villela. Relações sociais e serviço social no Brasil. 34. ed. São Paulo:
Cortez, 2011.
PAULO NETTO, José; BRAZ Marcelo. Economia política. 2. ed São Paulo: Cortez, 1947.
Recebido em: 23 de maio de 2013
Avaliado em: 3 de julho de 2013
Aceito em: 5 de agosto de 2013
1 Acadêmica em Serviço Social pela Universidade Tiradentes (UNIT). Campus Estância - Sergipe. E-mail:Sandra.
henry2013@hotmail.com.
2 Acadêmica em Serviço Social pela Universidade Tiradentes (UNIT). Campus Estância - Sergipe. E-mail:Sandra.
henry2013@hotmail.com.
3 Graduada em Serviço Social e Especialista em Política Social pela Universidade Federal de Sergipe (UFS);
Mestranda em Serviço Social pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Tem experiência na área de
Serviço Social, com ênfase na implantação do Sistema Único da Assistência Social. Professora do Curso de
Serviço Social da Universidade Tiradentes (UNIT). E-mail: clara.bezerra@gmail.com
Artigo elaborado na disciplina Fundamentos Históricos, Teóricos
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